SINTONIZANDO
COM CRIANÇAS:
UM WORKSHOP QUE ENSINA A ENTENDER AS CRIANÇAS.
Pense nas crianças do mundo: da África,
Américas, Antártica, Ásia, Europa e Oceania. Imagine as classes
sociais, das mais altas as mais baixas. Lembre-se das pequenas
vítimas das tragédias naturais, como tsumanis, furacões, terremotos, guerras e
da violência urbana como as atingidas por tiros na escola em Realengo, aqui no
Rio. Crianças violentadas, maltratadas, traumatizadas, super
protegidas, abandonadas... Você consegue responder o que todas
elas têm em comum? Ale Duarte tem essa resposta.
Desde 2005, o consultor internacional,
terapeuta, educador, Ale Duarte, viaja pelo mundo atendendo crianças e pais e
ministrando programas criativos, flexíveis e simples para professores,
educadores e profissionais que trabalham com crianças. Recém-chegado da Dinamarca,
Alemanha e Turquia, onde prestou consultoria e realizou palestras e workshops,
Ale lançou no Brasil programa Tune In to Children, com
o Workshop Sintonizando com Crianças: Aprendendo a ler a Comunicação
Verbal e Não Verbal, que aconteceu em julho de 2014. Agora, realizará o módulo 2, de 30/10 a 02/11, no Centro Cultural
João XXIII, em Botafogo.
O PROGRAMA
E O WORKSHOP.
“O Programa Sintonizando com Crianças
(Tune in to Children) que vem sendo implantado em vários países, tem
como objetivo ajudar o adulto a entender melhor as crianças e, principalmente,
ajudar as crianças a conquistarem um espaço mais respeitoso com os
adultos. “É fácil entender a criança. O adulto é que
acaba complicando muito. O workshop é aberto para terapeutas,
professores, profissionais que trabalham com crianças e também para pais.
- Eu não
vou trazer muito conteúdo técnico e sim estratégias e informações. Será mais
de comos do que de porquês. Quero que cada
participante possa construir o seu aprendizado próprio e ter muitos insights. Eles
levarão idéias novas para entender e atender crianças, mas, principalmente, vão
tirar de dentro de si conceitos, paradigmas, e até fantasmas. Com
isso, cria-se um campo onde pode aflorar uma ação mais focada, mais
direcionada, eficaz e prazerosa para ambas as partes – a criança e o adulto” –
explica o consultor que hoje é uma referencia mundial no tratamento do trauma.
Ale Duarte ressalta que o Workshop será
muito útil para que os pais possam se equipar para lidar melhor com seus filhos
e compreender o tempo próprio das crianças: “Muitas vezes, os pais - e
professores também – forçam determinados comportamentos e ações que, quando não
atendidos, acabam levando para o pessoal, do tipo “esta fazendo ou
não fazendo isso para irritar, provocar ou de pirraça. Compreender
esse tempo e a dinâmica da criança poderia, em alguns casos, até mesmo ajudar a
evitar o uso desnecessário de medicamentos” – diz Ale Duarte.
HIPERATIVIDADE?
TDAH? TRAUMAS? ESTRESS?
O especialista alerta que hoje esta
havendo um uso excessivo e indiscriminado de medicamentos que abafam o
mecanismo de autorregulação natural das
crianças. Segundo ele, os índices de diagnostico de hiperatividade
nos Estados Unidos e no Brasil são muito altos, se comparado ao da Franca onde
os médicos não consideram um comportamento mais agressivo, ou a falta de
atenção, como doença. Compreendem que pode ser circunstancial e procuram as
descobrir as causas. “Aqui no Brasil, muitas crianças estão sendo
diagnosticadas e rotuladas como hiperativas a partir de sintomas e isso é muito
sério. Eu, há anos, observava que algumas crianças eram realmente
mais agitadas, mas ela não tinham esse diagnóstico. Hoje, se
constata um numero absurdo de diagnósticos de hiperatividades que chega a ser
corriqueiro. Só para se ter uma idéia, eu soube que em algumas
escolas as crianças cantam na hora de tomar o remédio: É hora, é hora,
é hora da tia Rita! (lina)” – conta com preocupação.
“O adulto minimiza, muitas vezes, os
sentimentos da criança e considera bobagem questões que para ela são
sérias. É preciso saber conversar e escutar as
crianças. Em Hong Kong, por exemplo, atendi um menino cujos pais se
queixavam de não conseguir se comunicar com ele, que andava o tempo todo de um
lado para o outro, sem parar, falando palavras soltas... Ao
atendê-lo, descobri que, na realidade, o menino estava frustrado porque não
havia recebido um presente que o pai havia prometido. E toda essa
falta de comunicação era uma questão simples. Eles haviam criado na criança a
expectativa (prontidão) de receber algo que não se transformou em ação (brincar
com o brinquedo novo), o que gerou um comportamento desajustado.”
A PERDA DO CONTATO HUMANO
Nos países por onde tem atuado, a queixa
mais freqüente dos profissionais é a da hiperatividade das crianças. Segundo
Ale Duarte, antigamente, as crianças eram mais ativas fisicamente. Hoje, com
toda a tecnologia, a criança recebe um excesso de estímulos. O olhar, as mãos,
os dedos são as partes do corpo mais exercitadas, o que produz movimentos mais
encurtados. Além disso, a relação passou a ser triangular e não mais olho no
olho. A longo prazo, ainda não é possível prever o que vai
acontecer. Mas já se observa em crianças dos EUA, Alemanha,
Inglaterra, França e Brasil, a perda de flexibilidade e de contato humano.
“Como viajo por muitos países e lido com
crianças de todas as classes sociais, tenho observado que crianças que brincam
de forma mais espontânea têm mais flexibilidade e interagem melhor com as
pessoas. E crianças mais tecnológicas parecem estar ficando cada vez
mais programadas, com mais dificuldade de se relacionar e de
responder a comandos e informações pela voz. A parte sensorial delas
pode estar sendo prejudicada. No futuro, elas podem ate perder a
agilidade no contato humano e a habilidade de entender e reagir às emoções com
rapidez e ate mesmo de entender uma simples cara feia. Por
outro lado, vão ganhar em velocidade e agilidade no mundo virtual e desenvolver
ainda mais a capacidade de raciocinar” – fala com convicção.
A METODOLOGIA
Tendo como base a Experiência Somática, a
abordagem desenvolvida por Ale Duarte tem foco na auto-regulação do
Sistema Nervoso Autônomo e na linguagem das sensações. Ele explica:
“Pode-se dizer que a autorregulação é
o retorno a um lugar de integração, ou seja, a saída de um lugar de ansiedade
para um estado de completude e de satisfação. Existe um ciclo de
começo, meio e fim, e recomeço. É uma seqüência. A
criança se desregula e volta a se autorregular naturalmente. O problema é
quando o corpo se desregula e quer voltar ao ponto de equilíbrio e não
consegue, muitas vezes até por interferência de pais ou outros adultos nesse
processo natural. Por exemplo, a criança pensa em pegar alguma coisa e os pais
pegam para ela. Então, ela não completa a ação. É como downloads que não são
concluídos”.
Ale Duarte ressalta que a criança tenta o
tempo todo, de diversas maneiras, dizer o que está precisando, mas nem sempre
consegue se fazer entendida. E muitas vezes esse não entendimento
provoca nela comportamentos não adequados e
incômodos aos pais e outros adultos, o que os fazem buscar ajuda de
profissionais que a diagnosticam como hiperativas e prescrevem
medicação.
“Com o uso de remédios, a criança pode até
ficar mais quieta, menos falante, mas isso pode se sinal dela estar perdendo a
força vital. Ela não está melhorando, esta apenas mudando de
comportamento. Nos EUA, atendi um menino muito agressivo, que queria
bater em todos. Ele pegava uma espada e queria lutar com tudo e
todos. Conversando com a família, soube que houve um assalto na casa
deles. A criança ficou trancada em um quarto com a avó e não viu o
que aconteceu. Mas no imaginário dela, precisava defender os
pais. O comportamento mais violento era um impulso instintivo de
proteger, preservar a si e a família. Era o Sistema Nervoso Autônomo
tentando completar um ciclo e achar um lugar de
autorregulação. Nesse caso, a agressividade era uma forma de
comunicação. É preciso entender o que esta acontecendo com a criança e
descobrir seus verdadeiros sentimentos e necessidades primarias”.
O PONTO EM
COMUM.
O que as crianças de todas as
nacionalidade e classes sociais têm em comum? Ale Duarte responde:
“A capacidade de Autorregulação. O Sistema
Nervoso Autônomo (SNA) e a linguagem das sensações são iguais. Todas
têm a mesma base sensorial – não a intelectual. O sucesso dos meus
Workshops esta em buscar entender esse sistema basal. Faço a leitura do
SNA - a programação é igual para todas neste nível mais instintivo do corpo,
que posso resumir como luta, fuga e defesa. Compreender o
funcionamento do SNA faz ser possível ajudar no desenvolvimento de crianças – e
também de adultos. Um mecanismo de luta e fuga bem regulado é a base
para o desenvolvimento; quando essa base não funciona direito compromete todos
os níveis. E é isso que pretendo ensinar aos participantes deste workshop sobre crianças, no Rio de Janeiro”.
WORKSHOP
SINTONIZANDO COM CRIANCAS: Mundos Internos e Externos.
DATA: 30 de Outubro a 02 de Novembro.
LOCAL:
CENTRO CULTURAL JOAO XXIII, RUA BAMBINA, 115, BOTAFOGO.
Organização:
Fátima Boucinhas (21) 99976 2941 e Maddalena Beltrame (21) 98852-3966
Nenhum comentário:
Postar um comentário